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Diadema celebra o Dia Nacional da Visibilidade Trans com exposição fotográfica

Foto: Divulgação

Data marca luta por direitos e cidadania para pessoas transexuais e travestis; exposição fotográfica pretende apresentar munícipes e normalizar as vivências dessa população

Redação

Em 29 de janeiro é celebrado o Dia Nacional da Visibilidade Trans. A data visa reforçar as iniciativas no combate à transfobia e a garantia de direitos da população de pessoas transexuais e travestis, uma das mais vulneráveis na sociedade. 

O Brasil é o País que mais mata pessoas trans no mundo e a expectativa de vida desse grupo populacional é de apenas 35 anos, segundo dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). 

Para marcar essa data, a Coordenadoria de Cidadania e Diversidades apresenta a exposição fotográfica “Visibilidade Trans – Muito além do gênero”.

Pessoas trans e/ou travestis são aquelas que em algum momento da vida não se identificam com o gênero que lhes foi atribuído no nascimento, seja na infância, adolescência ou idade adulta. 

Não é preciso fazer cirurgias ou usar hormônios para ser trans, e também não existe um jeito certo ou errado de a pessoa expressar e viver o seu gênero. Nesse mês de janeiro, a Coordenadoria de Políticas de Cidadania e Diversidades de Diadema convida toda a população da cidade a conhecer algumas das pessoas trans e travestis que moram no município.

São profissionais, pais e mães, amigos e amigas, filhos e filhas, irmãos e irmãs, cidadãos como todos os outros, que lutam suas batalhas, sonham com conquistas e com um mundo melhor para todos. 

“Falar sobre pessoas trans e travestis, mostrar que são indivíduos que estão apenas vivendo suas vidas, que querem e merecem respeito, é uma forma de naturalizamos essas vivências”, afirmou o coordenador de Cidadania e Diversidades, Robson de Carvalho. “O gênero não é o que nos define. Somos todos muito mais que isso”, concluiu.

Conheça na exposição “Visibilidade Trans – Muito além do gênero” alguns moradores da cidade de Diadema que se identificam como homens e mulheres trans e travestis. 

A exposição pode ser conferida no Paço Municipal (Rua Almirante Barroso, 111, Vila Dirce) até o dia 1 de fevereiro. A partir de 2 de fevereiro, a mostra, que é itinerante, vai para o Quarteirão da Saúde (Avenida Antônio Piranga, 700, Centro). O objetivo é que as fotos circulem por diversos espaços e equipamentos públicos.

Bento Xavier Cordeiro

Morando em Diadema há um ano, Bento é um jovem de 26 anos que estudou psicologia na Unesp (Universidade de São Paulo) em Bauru, no interior de São Paulo, mas que não chegou a concluir o curso. “Percebi que não era o que eu queria fazer”, explicou. 

O rapaz morava no bairro Guacuri, vizinho à Diadema, antes de se mudar para a cidade. “Depois que eu voltei do interior, apesar de todo apoio que sempre recebi dos meus pais, achei que tinha chegado a hora de ter o meu próprio espaço e por isso tenho dividido a casa com um amigo”, afirmou.

Bento é ativo politicamente, ligado ao partido Unidade Popular (UP). “É das coisas que mais gosto de fazer. É muito importante a gente imaginar um mundo melhor e atuar para que isso aconteça”, relatou. 

Auxiliar administrativo em uma imobiliária, o morador do bairro Vila Conceição pretende continuar com sua atuação política e cursar, em breve, Educação Física. Aprender a andar de skate e reunir suas receitas favoritas em um livro estão na lista de realizações que pretende alcançar em 2023.

Daniel Lima de Souza

Morador do Jardim Campanário, Daniel tem 40 anos e é bombeiro civil. Conheceu a profissão quando teve um colega de trabalho que era técnico de segurança e também exercia a função. “Nessa época eu trabalhava em uma escola. Gostei da atividade, fiz o curso e me encontrei bastante na profissão”, relembrou. Tem atuado na área há oito anos e, atualmente, trabalha em um condomínio no Morumbi.

Daniel vive em Diadema desde que nasceu e há quatro anos mora com a companheira e o enteado, de 8 anos. Na sua avaliação, 2022 foi um ano tranquilo e de muitas conquistas, tanto pessoais, quanto materiais. “Um ano de descobertas, de me entender e de aceitar realmente quem eu sou”, afirmou. 

Para 2023 deseja realizar alguns sonhos, como casar legalmente e fazer suas cirurgias de afirmação de gênero. “São coisas que eu quero muito e tenho me sentido bastante ansioso para que aconteçam.”

Henry Gabryel Firmino Pinheiro da Silva

Henry tem 25 anos e mora em Diadema há pouco mais de um ano. Mudou-se para a cidade quando se casou e passou a viver no bairro Eldorado. Antes, vivia na Zona Leste de São Paulo com os pais e um irmão. O rapaz trabalha como estoquista, mas sonha em fazer faculdade e atuar como psicólogo e psicoterapeuta.

 “Gosto muito de conversar, de trocar com as pessoas. Acho que cada pessoa é um universo e nessa troca a gente aprende coisas novas em conjunto”, afirmou.

Apesar da pouca idade, Henry já tem três filhos – do coração. Dois adolescentes de 17 e 15 anos e uma criança de 10, filhos da sua esposa. “Me sinto os pais deles e cuido como se fossem meus filhos”, pontuou. Futuramente, o casal pretende ter mais filhos. A mudança para Diadema foi muito positiva, declarou o rapaz. 

“Gostei da energia da cidade. Aqui encontrei muitas coisas boas, o meu amor, o ambulatório DiaTrans”, relatou. “2022 foi um ano de muitos aprendizados e amadurecimentos. Cresci muito como ser humano, sinto que evolui, como uma borboleta que saiu do casulo. Para 2023 espero apenas coisas boas. Felicidade, tranquilidade e harmonia.”

Mariane Augusto Costa Silva

Morando há 20 anos em Diadema, Mariane reside no bairro Vila Conceição com a sua melhor amiga. Esteticista de pet, ela realiza banho e tosa em uma grande rede do setor. “Comecei cobrindo férias de uma pessoa e me apaixonei, atuo nessa área há cinco anos”, explicou. 

Mariane avalia que, na maior parte do tempo, é mais fácil lidar com os gatos e cachorros que ela cuida do que com outros seres humanos. “Eles me trazem muito acalento, quando não estou bem eles notam e me dão muita energia.”

Aos 31 anos, a jovem afirmou que 2022 foi um ano de grandes conquistas, especialmente com relação à vida pessoal, já que deu início à terapia hormonal e tem se sentido muito feliz com os resultados. 

Em 2023, pretende concluir uma formação que está fazendo em sua área de atuação e iniciar o curso de psicologia, um grande sonho. Do ponto de vista material, quer trabalhar para poder comprar uma moto e uma casa, para sair do aluguel. “Tudo isso vai facilitar a minha vida e me dar mais dignidade”, concluiu.

Mila Soares da Silva

Mila é autônoma e mora no bairro Piraporinha. Aos 42 anos, 20 dos quais vividos em Diadema, ficou órfã ainda criança e foi criada pelos irmãos mais velhos. “Nós somos em 11 irmãos. Alguns estão aqui em São Paulo, outros estão no Nordeste, onde nasci”, afirmou. 

Ela concluiu o ensino médio e fez uma série de cursos profissionalizantes, em diferentes áreas: cuidadora de idosos, banho e tosa de pets e informática básica.

A munícipe relatou que os últimos dois anos foram muito difíceis sob diversos aspectos, especialmente pela pandemia de Covid-19. Para 2023, Mila pretende realizar outros cursos nas áreas de beleza e confeitaria. 

“Gostaria de trabalhar como cabeleireira. Acho que esse é um setor que tem muito a ver com o meu perfil e onde poderei conseguir um emprego”, declarou, esperançosa. “Espero que esse ano venha com portas abertas, maravilhoso, com muita paz, muita alegria, dinheiro e saúde.”

Natasha Salles

Natasha sempre priorizou os estudos na sua vida, como forma de batalhar e conquistar o que desejava. Até que, há quatro anos, quando trabalhava com TI, foi acometida por uma doença que fez com que perdesse todos os movimentos do corpo. 

Após tratamentos diversos e fisioterapia, hoje com 41 anos, ela já recuperou o movimento dos membros superiores e, apesar de depender de uma cadeira de rodas para se locomover, tem autonomia o bastante para morar sozinha, no bairro Eldorado.

Quem pensa que o incidente fez com que ela virasse uma pessoa amargurada vai se surpreender com o otimismo e a positividade em suas palavras. “Acredito muito em Deus, na espiritualidade. Fiquei três meses em coma, como se eu tivesse morrido. 

Então, na minha cabeça, eu escolhi voltar e passar por tudo isso”, explicou. “Você não vai me ver triste, reclamando, tenho que encarar e bola para frente. Essa é minha concepção de vida. A gente não pode desanimar e temos que ter fé de que as coisas estão como deveriam ser.”

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