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Setembro Amarelo faz alerta sobre saúde mental da população LGBT+

Homossexuais, bissexuais e pessoas trans têm seis vezes mais chance de tentar suicídio ao longo da vida; ambientes acolhedores, como o Ambulatório DiaTrans, são importante fator de redução de riscos

O Setembro Amarelo é uma campanha que desde 2015 visa combater e realizar ações de prevenção ao suicídio. Segundo estudo publicado na revista científica americana Pediatrics, a população LGBT+ tem seis vezes mais chances de atentar contra a própria vida do que pessoas cisgêneras e heterossexuais. Um estudo recente da Fiocruz também apontou que a pandemia de Covid-19 foi um fator de piora na saúde mental de 55% das pessoas LGBT+ entrevistadas. Um ambiente acolhedor e sem preconceitos, como o Ambulatório DiaTrans, são importante fator de redução dos riscos, explica a psicóloga do equipamento, Elaine Bello. 

“De maneira geral, a população LGBT+ convive com a pressão de uma sociedade que não os aceita como são. Quando falamos de pessoas trans, a situação é ainda mais agravada”, explicou Elaine. A psicóloga relatou que o ambiente familiar, escolar, de trabalho e em todos os outros locais que as pessoas LGBT+ frequentam podem ter um peso importante na manutenção de uma boa saúde mental. “Se essa pessoa convive com pais que o acolhem e aceitam, com colegas de escola e trabalho que o respeitam, respeitam o seu nome social (no caso de pessoas trans), tudo fica mais fácil”, apontou.

Morador do bairro Taboão, Gustavo Messias Xavier, 21 anos, é um homem gay e se trata há alguns anos de um quadro depressivo. “Percebo que quando consigo estabelecer um vínculo real com o profissional que me atende, isso se reverte na melhora dos meus sintomas”, afirmou. Morador do Eldorado, Kaique Ferreira é um homem trans que tem 21 anos já chegou a tentar suicídio. “Foi um período muito difícil, em que me sentia muito perdido”, relembrou. Com tratamento, o jovem conseguiu se recuperar e hoje avalia que tem conseguido lidar melhor com as próprias questões.

Pessoas trans que procuram o Ambulatório DiaTrans, equipamento da Secretaria de Saúde que oferta atendimento multidisciplinar para transgêneros e é uma porta de entrada para os serviços públicos, podem participar de grupos terapêuticos. “O fato de haver um ambiente acolhedor, onde essas pessoas são bem recebidas, onde podem conversar e conviver com outras pessoas que também entendem os seus dramas, já reduz os riscos de suicídio”, afirmou Elaine.

Coordenador de Políticas de Cidadania e Diversidades de Diadema, Robson de Carvalho afirma que é urgente e de suma importância discutir sobre o suicídio dentro da comunidade LGBT+. “Por conta do preconceito estrutural, nós LGBT+ sofremos muitas vezes calados, acarretando um adoecimento mental com depressão, síndrome do pânico, crises de ansiedades, que são exemplos constantes do sofrimento de nossa comunidade”, declarou.

Robson destacou que é muito frustrante quando as pessoas LGBT+ são chamados por termos pejorativos (viadinho, baitola, traveco, sapatão), quando não têm reconhecimento da orientação sexual, identidade de gênero e ou nome social. “Sem falar quando nos agridem na rua, escola ou no trabalho. Isso faz com que a gente se questione se o erro está na gente, causando muitas dores e sofrimentos”, citou. “Crescer em uma sociedade homofóbica faz com que no nosso dia-a-dia a gente tenha cada vez mais medo de existir, numa situação de constante violência que há bastante tempo é potencializada pelos ataques virtuais”, completou.

O coordenador lembrou que, para uma criança, adolescente e jovem LGBT+ é sempre muito importante a base familiar. “O número de suicídios aumenta todos os dias e os pais têm que tomar muito cuidado, estar sempre atentos aos gritos muitas vezes mudos de socorro”, citou. “Podemos prevenir toda essa situação ofertando ajuda psicológica e criando em nossos vínculos uma campanha permanente de respeito. A prevenção ao suicídio não deve ser apenas nessa época do ano e sim todos os dias, só assim evitaremos muitas mortes”, concluiu. 

Todas as unidades básicas de saúde da cidade estão preparadas para fazer um primeiro atendimento e encaminhar as pessoas que precisam de algum tipo de suporte para saúde mental. O Ambulatório DiaTrans conta com acolhimento diário e sem necessidade de agendamento, de segunda à sexta-feira, das 8h às 16 horas. Avenida Antônio Piranga, 700, 2º andar, no Centro. Telefone (11) 4043-8093 e e-mail diatrans@diadema.sp.gov.br.

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