Exame de DNA-HPV possui sensibilidade elevada e detecta desde lesões precursoras até cânceres já estabelecidos no organismo das mulheres
São Paulo, outubro de 2024 – Estudo inédito realizado em Indaiatuba, interior de SP, acaba de concluir a primeira rodada de 5 anos (outubro de 2017 a setembro de 2022) e mostra resultados promissores do programa de rastreamento de teste de DNA-HPV, que pretende ser um modelo para a transição para um programa mais eficiente para erradicação do câncer de colo de útero no Brasil. Publicado na revista Nature Scientific Reports, ele apontou um aumento de detecção em até 4 vezes de lesões pré-cancerosas, 83% dos casos de câncer de colo de útero detectados em estágio inicial e diagnóstico com 10 anos de antecedência, em comparação com rastreamentos realizados com testes de citologia, como o papanicolau. O câncer de colo de útero é causado por infecções persistentes do vírus HPV (Papilomavírus Humano), transmitido sexualmente, sendo o terceiro mais comum entre mulheres no Brasil, excluídos os tumores de pele não melanoma¹.
O estudo foi realizado pelo Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), a Prefeitura Municipal de Indaiatuba, cidade do interior de São Paulo de mais de 260 mil habitantes, e a Roche Diagnóstica. Nele foram rastreadas 20.551 mulheres por teste de DNA-HPV com 58,7% de cobertura e 99,4% de conformidade com a faixa etária alvo do programa, de 24 a 65 anos. A cobertura aumenta para 77,8% ao excluir o “período de pandemia”. O teste de DNA-HPV foi 87,2% negativo, com 6,2% de encaminhamentos para colposcopia e 84,8% de colposcopias realizadas. Um total de 258 lesões precursoras de alto grau e 29 cânceres cervicais (idade média de 41,4 anos, sendo 83% em estágio I) foram detectados. Como referência, 41.387 testes de citologia, com papanicolau, do programa anterior (2012–2016) detectaram 36 cânceres cervicais (idade média de 52 anos), com 67% em estágios avançados.
“Houve uma drástica inversão no panorama rotineiro de predomínio de diagnósticos de câncer de colo em estágios avançados para 60% de diagnósticos em estágios muito iniciais. São resultados que trazem um ganho muito grande para as mulheres e indicam, portanto, que mais vidas e recursos de saúde podem ser salvos no País com o programa de rastreamento de teste de DNA-HPV”, explica Dr. Júlio Cesar Teixeira, pesquisador principal do estudo e diretor da Oncologia do Hospital da Mulher, CAISM, Unicamp.
O teste de DNA-HPV é um exame eficiente com sensibilidade elevada que detecta desde lesões precursoras até cânceres já estabelecidos. Isso porque utiliza uma análise de biologia molecular por PCR (reação em cadeia de polimerase) que mostra, de forma automatizada, a infecção por HPV mesmo antes do vírus transformar as células em pré-câncer ou câncer. O vírus HPV pode estar quieto no organismo, o que é chamado de infecção latente, e nunca se manifestar. Caso a mulher fique com o vírus latente por muitos anos, pode ter um risco maior de desenvolver um câncer de colo de útero do que aquela que elimina o vírus. O teste ainda permite que, quando o resultado dá negativo para todos os tipos de HPV, a mulher pode aguardar cinco anos para refazê-lo², não sendo mais necessário fazer o exame papanicolau anualmente.
“Como uma empresa de biotecnologia 100% focada em inovação, ficamos felizes em apoiar um estudo tão importante quanto esse de Indaiatuba, que tem sido usado como base para implantação de programas de rastreamento de câncer de colo de útero no País. Temos trabalhado com o compromisso de buscar alternativas para ampliar o acesso da população brasileira a soluções de saúde inovadoras e que atendam às suas necessidades, pois acreditamos que nenhuma mulher deve morrer mais de câncer de colo de útero”, afirma Carlos Martins, presidente da Roche Diagnóstica no Brasil.
Referências:
² Nature Scientic Reports: https://www.nature.com/articles/s41598-024-71735-2
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