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Pesquisa da USCS estuda Síndrome de Burnout em estudantes de medicina Estudo contou participação de alunos do Curso de Medicina da USCS.

Estimar a prevalência de Síndrome de Burnout e a prevalência de estresse percebidos em estudantes de medicina da Universidade Municipal de São Caetano (USCS) foi o objetivo da pesquisa da médica Letícia Cleto Duarte Sugiyama, aluna do Mestrado Profissional em Inovação no Ensino Superior em Saúde (PPGES) da USCS. Para a realização de sua pesquisa, além da revisão teórica, a médica desenvolveu coleta de informações com 72 alunos de medicina da USCS. A síndrome de Burnout tem como definição mais difundida a de ser uma síndrome ocupacional multifatorial caracterizada pela tríade: aumento dos níveis de exaustão emocional, despersonalização e descrença profissional, ou diminuição da autoeficácia. O orientador da pesquisa de Letícia foi o Prof. Dr. Daniel Leite Portella.

Letícia explica que o projeto de pesquisa surgiu a partir de uma grande preocupação com a saúde mental dos estudantes de medicina da USCS, visto que o curso apresenta um currículo 100% pautado nas metodologias ativas, o qual exige um desenvolvimento de maior grau de autonomia dos alunos. “Docentes do curso observam diariamente alunos com níveis de estresse elevados e com dificuldades para lidar com as angústias e adversidades que surgem durante o curso. Em alguns casos o sofrimento psíquico tão elevado leva a transtornos de saúde mental, tais como transtorno de ansiedade generalizada, depressão, síndrome do pânico”, conta a médica pesquisadora.

A ex-aluna do PPGES da USCS relata que, no Brasil, os cursos de medicina devem ser pautados pelas Novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), de 2014, que incentivam a utilização de metodologias ativas (MA) na formação médica, pois o aprendizado é estimulado a partir de “situações problemas” ou “situações reais” observadas durante o curso, as quais são semelhantes às que o aluno vivenciará em sua vida profissional. “No ensino pautado nas MA o aluno se corresponsabiliza pela própria formação e aquisição de conhecimento, a fim de adquirir autonomia intelectual, ou seja, ele deve aprender a aprender, como parte do processo de ensino-aprendizagem, identificando conhecimentos prévios, desenvolvendo a curiosidade e formulando questões para a busca de respostas cientificamente consolidadas, além de avaliar, de forma crítica, as informações obtidas”, explica Letícia.

Além da revisão teórica, Letícia foi a campo e aplicou questionários a 72 estudantes de medicina, do primeiro ao quarto semestres. Além do questionário com Perfil Sociodemográfico, outros dois foram preenchidos pelos respondentes: Copenhagen Burnout Inventory – Student Version – CBI – S, instrumento traduzido e validado para o português (Brasil e Portugal), composto por 25 questões dispostas em escala do tipo Likert de cinco pontos (que variam de nunca a sempre), subdivididas em 4 dimensões: 1- Burnout pessoal (PB), composto por 6 questões; 2- Burnout relacionado a estudos (SRB), composto por 7 questões; 3- Burnout relacionado aos colegas (CRB), composto por 6 questões; 4-Burnout relacionado aos professores (TRB), composto por 6 questões. E Escala de Estresse Percebido – PSS, – instrumento com 14 questões cujas respostas apresentam um escore que varia de 0 a 4. Os resultados do escore PSS indicam estresse muito baixo (0 a 14 pontos), estresse baixo (15 a 28 pontos), estresse moderado (29 a 42 pontos) e estresse alto (42 a 56 pontos).

Resultado – A prevalência de Burnout foi de 34.7% em nível muito alto, de 27.8/% em nível alto e 15.3% em nível moderado. A maioria, 90,3%, apresentou grau moderado de estresse percebido e 9,7% apresentaram grau baixo de estresse percebido. Observou-se que os estudantes mais velhos e homens apresentaram associação significante para o grau elevado de Burnout. Sobre seus achados, Letícia ressalta outros pontos interessantes: “esta pesquisa tem sua importância no campo científico, pois foi possível responder à pergunta de pesquisa e permitiu ainda levantar novas hipóteses e encontrar lacunas na literatura, as quais foram sendo apresentadas durante a discussão. Isso pode colaborar para o desenvolvimento de futuras pesquisas dentro do próprio universo da Síndrome de Burnout em estudantes de medicina, assim como na relação entre o estímulo ao pensamento crítico e a prevenção de estresse e diminuição do risco de Síndrome de Burnout”, sugere a pesquisadora.

Como produto derivado da pesquisa de Letícia, foi elaborado um guia que apresenta a condução de oficina que estimula o pensamento crítico dos estudantes de medicina, e assim, promova maior grau de autonomia e maior capacidade de lidar com ambiguidades e incertezas para atuar como fator protetor de síndrome de Burnout.

Para o orientador da pesquisa de Letícia, o Prof. Dr. Daniel Leite Portella, do Programa de Mestrado Profissional em Inovação no Ensino Superior em Saúde da USCS, a dissertação se destaca “porque ao pensarmos em Burnout o que se imagina como estratégias para suporte são ações fora do contexto escolares. Entretanto, nessa pesquisa mostrou-se que o pensamento crítico, como competência para resolução de problemas, pode ser um fator protetivo no âmbito acadêmico. Nesse sentido, desenvolvê-lo ou sensibilizá-lo nos discentes pode ser uma estratégia interessante para atenuar o Burnout, sempre acompanhado de outras ações e estratégias”, avalia o orientador.

A dissertação de Letícia Cleto Duarte Sugiyama pode ser acessada na íntegra no link: https://www.uscs.edu.br/pos-stricto-sensu/ppgs/mestrado-profissional-em-saude/acervo/2023.

O Programa de Mestrado Profissional em Inovação no Ensino Superior em Saúde da USCS tem como objetivo proporcionar a formação de profissionais diferenciados, baseado em perfil de competência que contemple a produção de conhecimento aplicável nas instituições de nível superior e nos contextos de prática para a condução de intervenções de impacto social, sanitário e educacional no âmbito do Sistema Único de Saúde. Mais informações: https://uscs.edu.br/pos-stricto-sensu/ppgs/mestrado-profissional-em-saude.

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