Texto: Matheus Godoy
A história do assassinato da vereadora Marielle Franco, assim como do motorista Anderson Gomes, tomou conta dos noticiários do mundo, em 14 de março de 2018. Com uma enorme mobilização da sociedade civil, o caso não caiu no esquecimento da mídia, inclusive se tornou pauta de discussões políticas e, infelizmente, causou desgaste para os familiares das vítimas.
Nesta semana, após seis anos de impunidade, os supostos responsáveis pelo assassinato finalmente foram mostrados ao Brasil. No último domingo, dia 24 de março, três envolvidos na morte da vereadora e do motorista foram presos pela Polícia Federal.
A operação, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal, prendeu o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TECRJ), Domingos Brazão, o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil), e Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
Os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão estão em prisão preventiva e foram tranferidos de Brasília para outras penitenciárias. O deputado federal foi movido para o presídio federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Enquanto o conselheiro do TECTJ foi para a prisão de Porto Velho, no Espírito Santo.
Cabe ressaltar que a Câmara dos Deputados ainda não definiu qual será o destino do deputado na casa. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) adiou, pelo prazo de duas sessões, a análise sobre a manutenção da prisão preventiva do parlamentar. Chiquinho foi expulso do União Brasil e o julgamento do plenário para continuidade ou não no cargo deve ocorrer em abril.
Já Rivaldo Barbosa, que estava atuando como professor na Universidade Estácio de Sá, foi demitido logo após a ação da Polícia Federal. Vale ressaltar que esse é o quarto ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro que foi preso nas últimas duas décadas. Antes dele, os delegados Alvaro Lins, Ricardo Hallak e Allan Turnowski foram acusados de corrupção.
Quem é e onde está Ronnie Lessa?
Preso desde 2019 e condenado desde 2021, Ronnie Lessa, de 52 anos, é sargento da reserva da Polícia Militar e responsável pelos disparos que vitimaram Marielle Franco e Anderson Gomes. De acordo com as investigações, ele foi contratado para assassinar a parlamentar e o motorista. É apontado por Élcio Queiroz – outro envolvido no assassinato da vereadora – como chefe da milícia na zona oeste carioca e dono de bingo clandestino na Barra da Tijuca.
Entre as diversas acusações, Ronnie é apontado como um dos chefes do grupo paramilitar que atua nas comunidades de Rio das Pedras e Gardênia do Sul, ambos na zona oeste do Rio. O ex-sargento também atuava em negócios de distribuição de galões de água. As informações foram divulgadas pelo portal UOL.
Ronnie Lessa cumpre pena no presídio federal de Campo Grande, o mesmo do deputado Chiquinho Brazão.
Anielle Franco comemora prisão dos mandantes
A ministra da Igualdade Racial e irmã da vereadora Marielle, Anielle Franco, comemorou a prisão dos três supostos mandantes da morte da parlamentar e do motorista.
“Só Deus sabe o quanto sonhamos com esse dia! Hoje é mais um grande passo para conseguirmos as respostas que tanto nos perguntamos nos últimos anos: quem mandou matar a Mari e por quê?Agradeço o empenho da PF, do gov federal, do MP federal e estadual e do ministro Alexandre de Moraes. Estamos mais perto da Justiça! Grande dia!”, escreveu Anielle.